Prós e Contras

Tenho alguma dificuldade em me levar a sério quando me sinto tentado a fazer a crítica da forma como o Prós e Contras encena a discussão que promove. O que é que isso interessa? O Prós e Contras é um programa notável porque mesmo no filtro apertado que é a televisão consegue encenar e promover a vinda de pessoas que vivem ao nosso lado e nós nem sabíamos. É um disparate autêntico, em termos de riqueza da análise, colocar um actor que representou com Roberto Benini a falar sobre Bush, sobre Barack Obama, sobre Mcain, tanto como a jovem luso-americana que diz que o sonho americano é o futuro, ou o advogado caboverdiano, o arquitecto português, a tradutora iraniana ou o adolescente indiano, mas é um facto extraordinariamente cativante sabermos que dividimos o nosso sol com um actor que representou com Benini, com aquele advogado caboverdiano, com a tradutora iraniana ou com o adolescente indiano. E depois a serem estes participantes a tornarem os seus testemunhos - descentrados, desfocalizados da mira centrifuga de Fátima Campos Ferreira - nos pedaços mais relevantes de todo debate. Passadas duas horas e meia de televisão em horário nobre é isso que fica.