sexta-feira, maio 22, 2009
dia de aniversário
à uma da manhã, tinha acabado de nascer há quarenta e sete anos atrás, recebi a primeira prenda. este ano tinha decidido não organizar nada. deixar acontecer. começou tudo a acontecer logo de manhã cedo, quando ele me cantou os parabéns, eu ainda a dormir e a seguir a correnteza dos afectos. deixei-me ir. começo a ter uma idade em que estas comemorações do self tem tanto peso quanto o raiar do sol sobre o rio num qualquer dia novo, ou como o cantarolar matinal dos pássaros na nespereira do quintal do lado, ou quanto o prazer de respirarmos a noite que chega vestida de linho. a vida é uma festa, é o que é. e o exercício da vida enquanto festa é o maior antídoto para todas aquelas coisas mesquinhas e pequeninas que nos tentam surripiar á bonomia, ao humor, à alegria. o ano passado juntei quase cinquenta amigos na fábrica do braço de prata e andei numa lufa-lufa para arranjar música, catering, aquelas coisas. desta vez resolvi respirar fundo e deixar que as coisas acontecessem. como quando era miúdo e os anos começavam logo ao acordar com a minha mãe sentada no regaço da cama a mostrar-me a bola de cautchu, o postal do meu avó Figueira de Elvas acompanhado da lustrosa nota de cinquenta escudos e uma camiseta nova que iria vestir nesse dia. vestiamos roupa nova nos anos. Depois era a festa, com pães de leite com fiambre e queijo, um manjar dos deuses, e refrescos alsa. na mesa várias gelatinas multicolores. depois era a festa. o jogar à bola, o correr pelo pinhal, o andar de bicicleta, desde a paz até ao fim da estrada de terra batida da ada-perra. este ano quis recuperar esta sensação meio infantil de que a vida vai acontecer, independentemente daquilo que façamos. foi muito, muito bom.
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4 comentários:
parabéns! muitos e bons :)
Olá! Qual é a tua família Figueira (nome dos pais e avós)? Eu também sou Figueira e tenho família em Elvas.
parabéns, muitos parabéns Quim , embora atrasados não quero deixar passar este dia ... Quantos contas , mas só os bons!
abraço
________ ZÈ MARTo
Catarina, o meu avô Figueira (Francisco António) tinha uma mercearia na rua do arco da cadeia, ao pé do grémio.
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