Dar tudo por Portugal

Aproxima-se sem alegria o fim da campanha. Ouço os gritos dos acompanhantes de Vital Moreira que descem ao Chiado, vindos da Cervejaria Trindade. Esta campanha não foi nada. Poderia não ter existido. Houve aliás o pensamento generalizado de que a inexistência da campanha começou logo pela disciplicência com que a comunicação social tratou os candidatos que corriam por sua conta ou dos pequenos movimentos que os patrocionaram. E foi pena. Não retirei nenhuma informação importante sobre nenhum assunto europeu, excepto aquela que algum jornalismo ainda vai conseguindo soltar depois de se ter entregue aos soundbytes da campanha. O próprio marketing político esteve muito desvanecido. A começar pelos cartazes do Bloco. Perderam a raça, a imaginação, essa capacidade de nos motivarem. Basta que se fale na possibilidade de virem a ser a terceira força e passam logo a ser tão institucionais como os demais. Os do PCP e os do PS são iguais, excepto que o primeiro nos traz um coro de figuras desconhecidas em torno de Ilda Figueiredo, e o segundo nos traz um grupo de políticos que individualmente têm valor e têm até um património de competência, de seriedade e até de independência (Capoulas, Correia dos Santos, Vital, Elisa e Ana Gomes), mas que, paradoxalmente, juntos me remetem para uma imagem negativa do Partido Socialista. Os do PP foram simultaneamente o pior e o melhor. Aquele em que Nuno Melo aparecia, de forma arrogante, de braços cruzados, a olhar de alto para os eleitores foi sem dúvida o pior cartaz da campanha, enquanto que o Dar tudo por Portugal, com um grande plano de Nuno Melo pese embora a ressonância um pouco chauvinista, remete para uma excelente ideia tanto na políticacomo na vida: dar tudo por tudo.

Faltam dois dias. Eu já sei em quem não voto. Não voto em nenhum dos partidos portugueses. Voto nos socialistas europeus. Com o sonho patriótico de trazer o José Manuel de volta a casa. Dar tudo por Portugal.