terça-feira, junho 09, 2009

Li-ber-da-de

Quando um dia me perguntarem - mesmo na imaginação de um agnóstico não há morte sem alguma espécie de juízo final - o que é que eu lamento mais não ter conseguido fazer na vida -e eu sei, isto é de um derrotismo monstruoso porque significa que esperando ainda ter muito para viver reconheço que nunca o conseguirei fazer - terei de me confrontar com a minha incapacidade de perceber o que é a minha vida, o que é que ela pode ser, para que é que serve. Esta resposta é tanto mais penosa quanto tenho para mim que é um imenso privilégio estar vivo (o que faz do desperdício do seu usufruto quase uma tragédia ética). Estas questões surgiram-me porque de repente apeteceu-me que a minha vida tivesse algo mais do que este tratar da vidinha. Não há nada que me detenha senão o meu próprio medo, apercebi-me. Uma palavra, quatro sílabas, nove letras iluminou-me o rosto.

2 comentários:

Sílvia disse...

Pois... a questão do sentido da vida é a coluna dorsal da espécie humana. Quem sou, de onde venho, para onde vou... "O que faço eu aqui", perguntou Bruce Chatwin.
É bom querer ir mais além, mas também é bom reconhecer a vidinha como parte integrante da vida, e não algo menor. Digamos que é o caroço da fruta.
Lembra-te que há uma coisa que a liberdade exige: responsabilidade. Também detém e faz medo, muito!
Dou-te outra palavra de quatro sílabas que me parece ser mais o teu género: a-nar-quis-ta. E tem uma letra a mais, inteiramente grátis :-)

Isabela Figueiredo disse...

Lindo, deixei-te um convite no meu blogue.