sábado, agosto 15, 2009
Verão em Galamares
Terminaram as férias. Amanhã é fim de semana, já não conta. Não custa nada ser feliz por aqui. Há um tempo fabuloso que é feito de encontros, do ficar, do querer estar, que atravessa miúdos e graúdos. Eu olho-os, sendo de fora olho-os como se fosse de dentro, são a história que eu nunca tive. Há mais de trinta anos que os verões dela são em Galamares. É uma rede social onde se cruzam família, amigos, vizinhos e conhecidos. Há trinta anos alguns deles tinham a idade que os seus filhos têm hoje. Brincam todos em conjunto, independentemente das idades e das brincadeiras. Se há uma piscina salta-se da prancha, senão há regam-se com uma mangueira, são crianças simples. O que é constante são as vozes a altearem-se a contarem o 1,2,3 quando no relvado brincam aos países. Por vezes parece-me um filme. Principalmente, e eu sou um cinéfilo de gostos simples, quando alguém traz para o lanche doce de ameixa feito em casa, ou ginja amadurecida nos grandes boiões de vidro que há na entrada da cozinha. Já o escrevi, esta terra saloia funciona como uma mnemónica para me lembrar de mim. Gosto da cor da terra, das folhagens, do sabor do vento frio. Apetece existir, re-existir. Custa-me falar das pessoas, afinal, por mais de dentro que me façam sentir, eu sou de fora (hei-de fazer uma excepção, mas não é agora). Mas tenho de me render a este colectivo que fazia das casas de férias, pequenos acampamentos onde vinham os amigos de Lisboa e que soletra nomes como o do Maria Bolacha, Quivuvi, ou Ramisco, e que esfarrapou a adolescência nos caminhos até à praia, cantarolando, flertando, brincando. É o meu verão que recomeça em cada instante em que se fina.
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2 comentários:
:) tão terno, o teu Verão em Galamares
regressar, depois de um verão assim.
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