terça-feira, agosto 18, 2009

Cada um de nós enquanto febre

Há pouco, estávamos a ver "Cinco Minutos de Paz", quase no final do filme, um telefonema de um homem para o assassino do seu irmão a dizer acabou-se, desatei a chorar. É final e princípio de verão, estou tranquilo, ameno, e de repente choro. Ela tenta limpar-me as lágrimas - é sempre assim, fica sempre desorientada quando me vê a chorar, eu quando a quero fazer feliz rio, o meu riso mais genuíno, mais bonito diz ela - eu agarrei-lhe na mão, sustive-a no ar. Aquelas lágrimas eram a minha febre. Cada um de nós tem uma febre, um febrão dentro de si. Por mais tranquila que seja a vida de cada um, há uma febre dentro de cada um de nós. A minha febre é esta: ter a consciência de que vivo num país bafejado pelo sol e pela paz e que não só não sei verdadeiramente o que é uma guerra, como desconfio que a minha paz depende dos milhares de focos de conflitos que se espalham pelo mundo.

3 comentários:

Anónimo disse...

Em sintonia. Beijos.

Zé Duro disse...

Venho aqui respirar, de vez em quando, porque este ar faz bem à saúde mental...
Desta vez, deparei-me com esta febre e fiquei a pensar que também estou contagiado, mas com uma diferença: quando as lágrimas surgem, têm que secar por si próprias, pois as mãos que as poderiam limpar partiram para parte incerta e ainda não foram substituídas!

Doramar disse...

É bom partilhar essa febre :-)