domingo, setembro 27, 2009

A maioria relativa, lida pelo lado da preocupação

Balanço entre a alegria dos resultados projectados, uma maioria relativa onde o PS tem mais do que o PSD e o PP, e a preocupação de uma maioria relativa onde o PS esteja refém, à esquerda, de uma força política como o Bloco de Esquerda.
Considero esse último cenário de uma enorme gravidade política - um eleitor da área do centro direita, vulgo PSD e PP pensará o contrário - já que Cavaco Silva poderá nele vir a ter um papel verdadeiramente imprevísivel .
Esse cenário tem vindo aliás a ser preparado por Marcelo Rebelo de Sousa ao dizer que face a uma situação de crise, iremos ter um governo para dois anos. Ora, por muito que me desgoste esse tipo de raciocínio por parte de Cavaco Silva, há que convir uma coisa:
- a Constituição Portuguesa confere ao Presidente da República uma grande responsabilidade já que, ele não tem apenas de cortar a fita da inauguração de um novo governo, ele vincula-se à escolha que fizer.
Ora, face a uma situação política onde uma forte crise financeira, económica, social e política necessita de um quadro governativo com alguma estabilidade programática, alguém poderá censurar Cavaco Silva por escolher uma maioria relativa formada por um PSD e por um PP, baseada num ideário programático comum em relação às questões-chave da economia,(e não estou a pensar num Cavaco Silva que pense como eu ou aquele eleitor comum mas um Cavaco Silva que pense como Cavaco Silva, o que é, preocupantemente, alguém que pensa de uma forma muito parecida com Manuela Ferreira Leite), em vez de uma maioria relativa por um Partido cujo programa foi violentamente atacado à esquerda e à direita, e cujo principal aliado à esquerda seja um Bloco de Esquerda, que fala como fala das nacionalizações ?
Confesso que enquanto não souber os resultados do Partido Socialista, do Partido Social Democrata e do Partido Popular, não respirarei de alívio. Lembro-me muito bem da angústia e da desilusão a que um homem que sempre considerei sensato, Jorge Sampaio, nos votou, quando fez uma interpretação pessoalíssima, mas que a Constituição legitima, dos resultados eleitorais da altura.
É claro que, como já aqui foi referido (na caixa de comentários do post anterior), um acordo pós-eleitoral pode ser feito tanto à direita como à esquerda, mas a verdade também é que se até eu duvido da consistência política desse acordo, o que é que dele pensará Cavaco?! É preciso não esquecer o papel negativo que Cavaco Silva tem tido ultimamente.

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