domingo, setembro 27, 2009

Última nota

O analista de sofá em que, prazenteiramente, me transformei hoje, fecha a sua análise com uma última nota: se as projecções se confirmarem, o Partido Socialista, independentemente do seu ideário e património político de esquerda, e no espectro político nacional, torna-se inquestoonavelmente no partido do centro. Um partido cuja composição política, cujo ideário e património político é de esquerda, mas que, entre dois blocos parlamentares claros, o da esquerda e o da direita, está inequivocamente ao centro. Nesse contexto é curioso ver um Bloco de Esquerda dizer que há um reforço da esquerda em Portugal quando pode ser precisamente o contrário: a esquerda ter perdido muitos votos, porque perdeu os votos do PS, que, por causa do alargamento de uma esquerda mais radical foi mais empurrado para o centro. Ou será que o Bloco e a CDU que tanto lutaram contra a política de direita do PS, agora, que ela foi revalidada, já analisarão os votos do PS como de esquerda? Ou seja, se o PS tem uma politica de direita, porque é que antevi no discurso de Louçã, um discurso de vitória? Por terem tirado a maioria absoluta ao PS? Mas esse é um louro que têm de disputar com o PP, com a CDU e com o PSD, e nessa caldeirada ideológica onde situar o contributo do Bloco! E como ficarem contentes com o perderem uma maioria absoluta de um adversário, que tanto os fez crescer politicamente? Como vão crescer agora? Eu não dava nem um cêntimo para estar na pele de Louçã. Quanto mais deputados tiver mais protagonismo terá a pulverizar o seu e isso será dificil de gerir através da metodologia de controlo de poder que realizou até agora. Quando passar o folclore político da cobertura televisiva das eleições, um pouco ao ritmo de um desafio, de um jogo, a poeira vai assentar e vamos descobrir que provavelmente o bloco de direita pode ter ficado, pelo menos durante os próximos dois anos, mais forte. É que Cavaco conta.

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