terça-feira, outubro 20, 2009

Bernardo Santareno merecia mais

Sou um grande admirador da obra dramática de Bernardo Santareno. Fiquei por isso muito contente ao saber que na sua cidade tinha sido criado um Instituto com o seu nome e que este, entre outras atribuições, promovia um prémio que é, a nível nacional, o mais importante concurso literário. E concorri. O que já não vai sendo muito o meu hábito porque infelizmente tenho sabido de tantas ou tão poucas sobre concursos deste género que vou, como em tudo na vida, desistindo a pouco e pouco de concorrer. Poupa-se no papel, poupa-se nas árvores, e são uns não sei quantos filhos da p. que deixamos de legitimar. Por isso, deixei uma porta aberta para o prémio Bernardo Santareno. Não só pelo valor monetário, também por incluir a representação e a edição da obra. E pelo prazer de concorrer a um prémio que homenageia um dos maiores dramaturgos portugueses do século XX. Mas de repente, sob o céu limpo, começam a vir as nuvens. A primeira, foi quando ao fazer uma pesquisa sobre o Instituto encontro esta carta aberta ao seu presidente. Não é de facto o melhor cartão de visita, mas pensei, são coisas locais, isto é um prémio nacional, haverá certamente outro decoro e recato. Por isso quando soube do anúncio dos premiados, fiquei contente, felicitei até os distinguidos que estavam mais à mão. É então que começam a vir ter comigo informações sobre metodologias de merceeiro utilizadas para a selecção dos textos. Não posso contar mais, como agora se diz, há que proteger as fontes, o próprio fontanário, resta-me apenas o desabafo: Bernardo Santareno merecia mais.

2 comentários:

Sílvia disse...

Bom, no que toca a concursos, se calhar só vale a pena concorrer se soubermos que vamos ganhar... Os favorecimentos, jogos de interesse e informações privilegiadas, são pequenas démarches a que nos fomos habituando sem reagir, apenas rangendo os dentes nos bastidores. Provavelmente uma grande parte dos concursos (em todas as áreas) seria impugnada se houvesse denúncia pública. Não havendo, somos todos cúmplices.
A raíz do problema não é a pessoa A, B, ou C, nem o partido X, Y, Z, é mesmo um desvirtuamento da nossa mentalidade colectiva. Infelizmente, porque dá muito mais trabalho a mudar...

JPN disse...

Concordo contigo, a raíz do problema não é a pessoa a,b, ou c. o que dá muito mais trabalho.