terça-feira, novembro 17, 2009

Agora sim o casamento entre pessoas do mesmo sexo

Agora que parlamentarmente existem condições para aprovar a proposta da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, relembro as questões, e objecções, que aqui, acerca de um ano, levantei ao modo como esta questão tem sido discutida. Acabo de ver uma sessão dos prós e contras. Eu e ela estamos divididos. Embora dividíssemos o sofá aninhados por este frio a fingir - ou que parece que ainda não veio - ela estava sentada na bancada dos prós e eu, andava por ali a cirandar, sem encontrar lugar que me coubesse. Congratulo-me com o facto do meu país ir dar um passo importante na constituição formal dos direitos dos casais do mesmo sexo. No entanto continuo a registar a minha incompreensão pela forma como o debate público tem escamoteado questões importantes. Não fiquei muito esclarecido sobre muita coisa que acho importante, nomeadamente, como é que se vai lutar pelos direitos civis daqueles casais de pessoas do mesmo sexo que não querem validar a sua união através do casamento. Também, repito, esta proposta, inovadora e arrojada do ponto de vista politico, é, do ponto de vista cultural, porque segue a agenda lgbt sem lhe introduzir nenhuma criatividade, de um conservadorismo escusado. Já aqui o defendi e torno a repetir: gostava que em Portugal houvesse uma profunda reforma do casamento que permitisse o aparecimento de um novo instituto que assinalasse, para todos, a profunda viragem positiva que hoje podemos ter sobre a forma como as novas dimensões da sexualidade e da afectividade se projectam na família. Não vou repetir todo o argumentário. Eu sei que os defensores do casamento entre pessoas do mesmo sexo não gostam de ouvir isto, mas mais uma vez, verbero-lhes o seu grande conservadorismo. E intolerância sobre a dimensão cultural e simbólica que o casamento tem para a vida de todos aqueles que têm a ideia de casamento como uma união entre sexos opostos.

2 comentários:

CCF disse...

Mas assim podem, como nós, escolher...casar ou não casar.A questão é poder ter o direito de escolha. Provavelmente nessa altura, alguns escolherão não casar e poderão experimentar outros modos de vida em conjunto, seja a união de facto ou não. Creio que validar o casamento e não validar a união de facto tal como está consagrada actualmente não faz nenhum sentido(aliás a actual lei das uniões de facto é limitadora também, exigindo, por exemplo, a partilha do mesmo tecto).
~CC~

JPN disse...

Eu creio que é mais do que ter o direito de escolha. Essa é a bandeira política, compreensível, mas a bandeira, a questão politica. O que me entristece é que, enquanto tipo que anda por aqui há quase trinta anos a tentar valorizar a questão das identidades culturais, a questão da politica tenha ocultado totalmente a questão cultural. E isso para mim é um reflexo do completo desprezo que existe pela cultura enqaunto identidade de uma pessoa, de um grupo, de uma comunidade. Transversal a todos os partidos.