sexta-feira, janeiro 22, 2010

As memórias coloniais da Isabela

Na Livraria Pó dos Livros ontem, a apresentação do livro de Isabela, Caderno de Memórias Coloniais, de Isabel Figueiredo, a Isabela do Novo Mundo e do Mundo Perfeito. A Isabel Almeida Santos do nosso DN Jovem. Eduardo Pitta (Da Literatura) apresentou a obra, secundado por Osvaldo Silvestre , editor de Angelus Novus.

A conversa foi bastante animada. Na sala, para além de quatro colaboradores do DN Jovem (além do editor) e três bloguers da Regra do Jogo, estavam muitas pessoas que tinham ouvido a entrevista ao Pessoal e Transmissível do Carlos Vaz Marques, e que vieram com o calor do afecto e da memória por África, misturados com um misto de admiração pela coragem literária da Isabel.

Depois de Osvaldo Silvestre ter inscrito este livro na (grande) literatura autobiográfica, era irrecusável o debate sobre a forma como o livro deixa transparecer a questão colonial, que logo se encaixou na forma como falamos ou não falamos dela. Muita gente ali na sala tinha um pedacinho da sua memória da áfrica colonial que queria trazer para a roda da conversa. Para esses, com as Lourenços Marques cosmopolitas ou do caniço enfiadas até ao osso da memória, nem sempre é muito claro a forma como, forçosamente, se misturam memórias, horas de vida gravadas na caixa negra que, individualmente, transportamos, com o modo como a ideologia, o discurso político, tensionou a forma como nos lembramos de África. Como se lembram de África aqueles que voltaram, os portugueses de segunda, os retornados, os que deram o sangue pelo sonho colonial.

Era já noite, ao adormecer, quando peguei no livro para o ler. Não faço critica nem vou disfarçar isso perante o livro de uma amiga. Fico-me pelos fenómenos, pelos factos: o livro lê-se bem, lê-se demasiado bem. Já ía na página quarenta e tal quando de repente, ainda sem sono, percebi as desoras da leitura. A micro narrativa de um blogue, uma espécie de conto curto, talvez ajude a isso. Outro fenómeno: quando acordei dei-me conta de que tinha viajado para a minha própria infância. Primeiro colando-se à do imaginário do livro, as brincadeiras no quartel de Mafra com as lanças confiscadas aos turras, depois outros caminhos. É uma sensação boa, acordar com a infância espalhada no travesseiro.

2 comentários:

Morena disse...

Estou gira na foto.
Gosto do clube de fãs.
Filho-da-mãe, só ontem começaste a ler o livro.
Um grande abraço.
Isabela

MFerrer disse...

E à Morena também!
Cumps!