Aconteceu-me já por duas vezes, nos tempos mais recentes. De repente comecei a falar, dirigindo-me a um ser que estava fora de mim e, pela direcção do meu olhar, num plano superior a mim. Não durou muito tempo este quebranto no meu agnosticismo. De repente dei-me conta de que estava a rezar e, a meio de um frase, calei-me, dividido entre um sentir-me mal comigo mesmo e o aperceber-me de que me sabia bem, ao espírito, ao corpo, esta ideia de que, mesmo quando tudo se for, não estarei só no mundo. E depois deste pequeno instante metafísico fiquei a pensar: foi assim que as religiões vieram ter connosco? Como uma promessa eterna contra a solidão universal? É por isso, por nos libertarem de toda a solidão do mundo, deste e do outro, que lhes perdoamos todos os pecados?
1 comentário:
Sim, libertam-nos da solidão do mundo, uma solidão que nem sempre aguentamos. Mas ainda assim, continuo a preferir confrontar-me com ela, mesmo que tal como tu, tenha tido momentos de muita dor em que também chamei por alguma coisa parecida com Deus.
Mas olha, muita da luta contra a dor que nos atinge é realmente feita entre as nossas mãos.
Abraço,
~CC~
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