segunda-feira, março 08, 2010
Poema interrompido
eu antes era capaz de cometer esta imprudência de escrever algo sobre as mulheres,
num dia comum, que não fosse este,
onde todos os homens que se prezam,
cantam as suas mulheres. as fêmeas que o macho traz dentro de si.
gosto do plural feminino. as mulheres enchem a terra,
salgam o ar, tresandam a mosto. gosto do mosto belo e feminino
de uma mulher encorpada no seu ofício de mulher. e só agora reparo,
que por coincidência,
no momento em que a canto,
ela está na cozinha. Calhou eu sei,
já pús a mesa,
muitas vezes sou eu que cozinho,
isso não deixa no entanto de fazer com que esta verdade,
me tolde a escrita. É o seu dia,
ela está lá em baixo,
a cozinhar para nós. Vou interromper,
para lhe ir dar um beijo,
de parabéns,
de desculpa,
o poema não deve arrefecer por causa disso.
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