Agradaram-me as palavras do Papa sobre a IVG. É já tempo de a Igreja perceber que essa ideia de que somos um povo com grandes tradições católicas tem de corresponder a um enorme sentido da sua responsabilidade social com grandes capacidades de influenciar a vida das pessoas ( o uso do preservativo, por exemplo) e que, no caso da Interrupção Voluntária da Gravidez, tem de centrar o seu discurso "no combate às condições sócio económicas que levam as pessoas a abortar" e não na demonização da IGV, dos que a fazem, dos que defendem o direito daqueles que a fazem a fazerem-no nas melhores condições e com o apoio da saúde pública. É claro que as suas posições em relação ao casamento entre homens nos levam a reconhecer que a este nível doutrinário a Igreja talvez só mude para não conflituar com os poderes terrenos que lhe podem fazer frente e que esse aspecto a aproxima demasiado daquela Igreja colaboracionista e cúmplice, de má memória, que nós já cá tivemos. É por isso que aquele prédio devoluto no fim da Rua da Padaria, guardado por arcanjos, esventrado na sua relação com o Céu, a quem já ninguém liga, me pareceu uma metáfora tão perfeita da Igreja de hoje.
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