quinta-feira, novembro 10, 2011

a Barbearia do Senhor Luís

Na Barbearia do Senhor Luís, podemos continuar a seguir um folhetim, pouco feliz, e não muito edificante sobre as relações entre uma cadeia como a FNAC e um cliente, do Cartão Tanto. O Luís solicitou esclarecimentos sobre as suas dúvidas às entidades competentes e estas...pois, e estas. O folhetim Tanto está para durar. E nós por cá, para seguirmos o seu desenlace. A história tem diferentes contornos e não estou totalmente certo da justeza de todos os argumentos do Luís, nomeadamente sobre a questão do IVA (eu creio que o cartão tanto será um produto e não um depósito).De qualquer forma este é um argumento marginal para o caso em concreto, seria ou será central sim se se demonstrar haver um ilícito ou seja, a uma recepção de verbas sem pagamento da correspondente taxa de IVA.

O que é decisivo é que, independentemente do tamanho das letras dos contratos do cartão Tanto, a FNAC recebeu 120 euros que alguém lhe confiou num gesto de amizade para terceiro, e que, por diversos motivos que podem ir até ao descuido, a pessoa a quem se destinava este gesto de amizade se vê impossibilitada de beneficiar deste gesto sem se compreender como é que o usufruto desse benefício poderia trazer algum prejuízo à FNAC, que não fosse o de ter de assumir que a sua regra iria ter uma excepção. Quando a única razão que uma prestadora de bens e serviços pode utilizar para com um seu cliente é a das letras miudinhas de um contrato alguma coisa vai muito mal nessa mesma empresa e a FNAC deveria analisá-lo. E sem perceber  ainda algo mais complexo: a FNAC ao criar um produto que visa intermediar uma relação de amizade está a intervir no campo das relações entre as pessoas e se já é estranho para muitos de nós que isso seja feito a nível comercial, mais estranho é se essa intervenção não corresponder de alguma forma ao espírito que a originou. Não sei que motívos tem a FNAC para, ao contrário de outras empresas, colocar o prazo de um ano para o usufruto de um cartão de oferta. Embora isto não signifique que não hajam razões (o que eu acho é que numa situação destas era devida ao cliente uma explicação cabal e não uma esfarrapada sobre os limites de um sistema informático (sorrio, logo a quem foram da esta argumentação!)). O que me parece é que esta situação revela problemas de informação sobre o cartão Tanto que podem implicar com a sua implantação comercial. Dado que é admissível que a FNAC queira cuidar dos produtos comerciais que cria, isto é razão mais do que suficiente para que a empresa possa tirar proveito desta situação, escrevendo uma carta simpática ao Luís Novaes Tito dizendo-lhe que face à situação criada irá rever o procedimento da entrega de cartão, tornando mais clara a indicação da sua validade e que, agradecendo-lhe a oportunidade de poder melhorar a sua relação com os clientes, lhe devolve o dinheiro. 
          Se a FNAC tiver uma política de relações públicas e marketing inteligente é isto que fará.


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