quinta-feira, novembro 10, 2011

Fotosíntese


 "A Terra está em tua mão /Como tu a tens criado./Se tu resplandeces, eles vivem,/Se tu te pões no horizonte, eles morrem;/Tu és a própria duração da vida./E se vive de ti."
do Hino ao Sol de Akhenaton.
Quando me tornei agnóstico o meu espírito ficou órfão de crença. Não foi uma condição fácil em mim que vivia a vida com algum desmesurado fervor. Até que aos 15 anos encontrei nas páginas do livro de história, o único e definitivo deus da minha vida. Depois da incerteza em que me deixaram Sartre, Virgílio Ferreira, Bertrand Russel, saudei incandescentemente o Sol pela mão de Akhenaton. É por isso que os dias como ontem desexistem na minha vida. E não foi pelas diatribes da Ângela ou do seu apaniguado Sarkozy. Foi porque a noite se colou ao anoitecer sem entretanto ter havido algum sinal de evidência divina, quero dizer, solar. Hoje a vida voltou a ser vida. O meu deus bate na minha janela, as gardénias que ainda não o são esvoaçam todas gaiatas embaladas pelos farrapos de ventos, esta função clorofilina que em fim se cumpre é, tanto nelas como em mim, o viço que nos arrebita. 


1 comentário:

Doramar disse...

Diz a história que ele falava com espíritos e que estes eram os seus guias, quem sabe... Verdade é que tinha uma imensa preocupação com as condições de vida do povo, para que vivesse com dignidade.