Há trinta e um anos aprendi a desmanchar a minha vida na sala de tapetes vermelhos da Comuna Teatro Pesquisa. Foi uma viagem, um aprendizado num curso de expressão dramático dirigido pelo João Mota. Numa altura em que todos precisamos de ter os nossos mestres, aprendi com ele a vontade de ser verdade, de querer ser autêntico, de não ser auto-complacente. Ele tinha 38 anos. Hoje tem 69 anos e voltou a dar-me uma grande lição. A de que não há uma idade para baixarmos os braços. O orçamento é importante mas não é tudo. Serve até, muitas vezes, para replicar uma atitude de consumo na cultura, a mesma atitude consumista que queremos muito sinceramente contrariar na sociedade. Há muitas coisas de base que o Teatro D. Maria não faz e que não têm a ver com dinheiro. Tem a ver com uma ideia de teatro. O corte brutal no orçamento do Teatro D. Maria II coloca um problema sério, grave. Diogo Infante achou que não o conseguia resolver. João Mota achou que pode tentar fazê-lo. E gostei das suas palavras: “Nunca pensei em dirigir o Nacional. Aceitei porque é um desafio, tal como foi um desafio fundar A Comuna no pré-25 de Abril, sem dinheiro, sem apoios e em ditadura. Não sei se vou ser capaz, com tão pouco dinheiro e um corte tão grande.Menos 36% é muita coisa, mas vou tentar, com muita energia.” E conclui: “Tenho coragem para isso e também me dará muito prazer tentar. O país está em crise, todos temos obrigação de tentar, de fazer a nossa parte.”
3 comentários:
Estamos a falar de gerações diferentes, de uma que apanhou tudo feito e outra que teve de fazer tudo; logo, não haver nada a estranhar!
mad.
É um Homem explendido, tal e qual como este texto.;)
:) Pois é...
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