sábado, agosto 16, 2003

Quase, quase...

a fuga. 1. na dimensão do possível. portimão. ainda existirá quando lá chegar? há qualquer coisa na dimensão deste fogaréu que não deixa ver. repentina luz que oculta. tenho alguma ansiedade em saber qual vai ser o país que se vai ocupar desta catástrofe. o discurso político começa a procurar o "unissono". como se pressentisse que o exercício de estilo com que tem consumido a nossa vida não é suportável diante da tragédia. será que amanhã a política irá ser outra coisa? pode ser que esta tomada de consciência dos políticos seja apenas uma reacção corporativa. ao perceberem que desta vez o epicentro da discussão não pode ser o discurso político perdido no vazio de uma partidirização sem antagonismo que se veja. a politica terá de, momentaneamente, recuperar a sua finalidade e constituir-se como objecto de resolução dos problemas da vida das pessoas. estou com alguma ansiedade a este respeito, confesso. 2. antes de partir de férias, encontro uma polémica (brutal, disse bem o Outro, Eu) sobre A Formiga de Langton, recuperada por esta através do responso a dois posts duríssimos de o Alfacinha e Tomaz-vs-Cunhal. o discurso da formiga é de acesso restrito. a leitura de a formiga de langton surge-me dificil. para ler o seu texto tenho de ter o cursor sempre a mão, acompanhando a largura da página com um vaivém entre a margem direita e a esquerda. as fotos não ajudam materialmente, embora sejam precioso suporte do escrito. confesso, para mim o inglês é factor adicional de perturbação da leitura. muitas vezes tenho de reler, tresler, para encontrar o sentido do expresso. mas não lhe reconheço nenhuma arrogância intelectual. a sua própria presença na blogosfera é uma abertura à comunicação. sem dúvida que haverá uma comunidade que dominando os códigos de leitura do formigueiro segue mais rapidamente o carreiro deste blogue. mas eu dou-me por feliz, neste como noutros casos, em poder ter acesso a. por dentro da ilegibilidade assumida da formiga descortino uma proposta de leitura que me seduz. e que me enriquece. prefiro sentar-me demoradamente diante de uma formiga que, mesmo que me faça sentir momentaneamente ignorante, me abre ao conhecimento de outros mundos que desconheço, do que desperdiçar o meu tempo com blogues que, levando-me a verberar a ignorância alheia, me fazem sentir demasiadamente inteligente. em quase todos os lugares, mas principalmente no espaço-rei da expressão, a blogosfera, a arrogância intelectual acontece mais frequentemente como acto de leitura do que enquanto acto de escrita. não é por isso que falo disto antes de partir. e da forma breve com que o irei fazer. ao ler a formiga de langton, tenho mais uma vez a sensação de que a ciência e a arte são dois campos muito maltratados neste país. nós, os da criação artística lembramo-nos disso muito poucas vezes. cada vez mais amiúde, é certo. mas ainda pouco. fazemos alguns cruzamentos, sugerimos aqui e acolá incursões temáticas. mas ainda é pouco. até setembro.

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