sábado, setembro 06, 2003
Nos Dias do Levante
Fim. Amanhã o regresso a Lisboa. Souberam-me a grandes estas férias. Tiveram um pouco de tudo, leituras, aproveitei para me colocar em dia com alguma da dramaturgia portuguesa dos últimos anos que andava a empilhar na estante ("África" de Isabel Medina, "Fidelidades" e "Salazar-Deus, Pátria, Maria" de Maria do Céu Ricardo, "Contos D'Ócio" de Mário Botequilha, "Histrionia" de João Santos Lopes, "Lianor no País sem Pilhas" de Armando Nascimento Rosa, "Um erro sem importância" de Alexandre Lyra Leite, "Café Magnético" de Carlos J. Pessoa e "Movimentos de Intimos" de Rui Martiniano ). Atirei-me também a Linha da Sombra de Joseph Conrad e os Indiferentes, de Alberto Moravia, escrevi muitos post offline que conto começar a editar aos poucos, aqueles que sobreviverem, claro.
Agosto. Devo ter visto umas três vezes este filme de Jorge Silva Melo, numa salinha pequena do IPC. E agora revivi-o, durante vinte e poucos dias, entre Portimão e Tavira. Os passeios de bicicleta, os banhos de mar, as brincadeiras na praia, na piscina, mas essencialmente aquele vazio indolente de quem a tudo se desobriga para que tudo o preencha. Os amores que não amei, por quem não fui amado, esse longo exercício de platonismo que me visita desde a infância, o que fui, sou, serei, esse vicio de pressentir as artes da cretinagem e de as contornar sem as enfrentar. Os fantasmas. Convivi bastante com os meus fantasmas. Agosto é o mês da fantasmagoria. Ofício cíclico de quem não vive todos os seus dias e só no pino do calor recebe por prémio de consolação uma precária carta de alforria.
Ideias-Pensar. A custo, lá vou encontrando alguns textos que quero recortar, para o meu arquivo de papel impresso. O excelente texto de Miguel Sousa Tavares hoje no Público, uma reportagem de Paulo Moura sobre as mulheres que vêm parir a Espanha, reportagem que ou muito me engano ou estará na grelha de partida para um prémio de jornalismo, um texto de Luís Fernandes que a propósito dos novos aventureiros do todo o terreno fala do nosso tempo com grande lucidez, o estudo sobre o Orientalismo no Público , o texto de Clara Ferreira Alves no Expresso sobre este mesmo tema, alguns apontamentos biográficos - não tantos como inicialmente esperara - da colecção do Público "Sós contra Todos", o texto de Mário Mesquita sobre os "SuperJornalistas", a crónica de EPC sobre o Orgasmo Vertical que tanto irritou JBC (que lhe respondeu com um outro texto que não vai sobreviver à memória, o mesmo acontecendo com o excecrável texto de José António Saraiva, "Lágrimas de Corcodilo", ou, ou, ou...). E por último, os dois textos de António Pinto Ribeiro sobre O populismo que merecem uma boa discussão.
Blogosfera. O regresso à Blogosfera. A primeira palavra tem de ser o agradecimento ao Socio[B]logue pela forma como tem continuado o nosso projecto Metablogue, tarefa em que há um mês tem estado sózinho. Obrigado.
Torpor. Tosse, fungadelas, resfriados. Aquele torpor a arrastar-nos o corpo. Quando o calor e a tardura da noite já não aconselhava, o último banho de piscina, o último pôr do sol na praia, trouxeram os primeiros espirros de um domingo passado em casa. Só o pequenote escapa. "Faz o que eu digo, não faças o que eu faço".
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