segunda-feira, abril 26, 2004
Amo-te, Felicidade...
Não interessa onde, nem por quem. Vi esta frase escrita numa tela onde se inscreviam pequenas excitações pessoais sobre o 25 de Abril.
E hoje, ao pensar de repente em coisas tão dispersas como o romantismo em mim e a revolução que ontem nos levou à Av. da Liberdade, voltei a pensar nela, na sua ideia. É talvez a única coisa que nos une a todos, brancos, vermelhos, laranjas, amarelos, pretos, lilazes. A felicidade. A sua procura. O modo como nos lhe devotamos. Tenho perfeita consciência de que uma tristeza sem fim que adoptei, desde há alguns anos, é antes de mais uma forma de me incompatibilizar com os meus semelhantes. Como se zombasse da felicidade alheia. Como se o dificil não fosse ser feliz mas sim, o reconhecimento de que podíamos prescindir dessa ideia de felicidadezinha e mesmo assim não vivermos enclausurados numa incapacidade de rir, de nos alegrarmos, de cultivarmos a bonomia, a desamargura. Mantendo em alerta máximo a nossa consciência política contra o egoísmo com que encetamos todos os dias estes mini-cruzeiros para a terra da felicidade sem, ao mesmo tempo, nos tornarmos produtores associados da fel, amargura & desânimo.
E ao ler aquela frase "Amo-te Felicidade", que podia ser ingénua, naif, fora de moda, não tivesse eu pegado na mão que a escreveu e linha a linha da sua palma descoberto o brilho de quem fez da sua vida um poema, estremeci e estremeço pelo programa que nela encontro e que da mesma forma intuitiva adopto, fazendo-a conviver com est'outra tristeza sem fim de que já não posso separar-me. Está há muito morto quem não morre todos os dias diante do devastador grito da morte que banha o mundo, o nosso mundo, mas também não pode entregar-se a esse ofício guerreiro de morrer sem fim quem não saboreia do palato à cobra, esse estremecimento diário e renovado do amor.
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