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Na vida dos blogues, e naquela que se estende para além deles, é importante que se saiba que são bem vindas. Quando se luta por estas causas aprende-se um pouco a cor da hipocrisia moral e religiosa e da sua confusão com a República, principalmente quando ela está tomada de assalto por uma direita como acontece agora com a nossa.
Claro que gostaria que o meu país fosse um país onde essa casca de noz que as transporta não tivesse de ficar a duzentas milhas da costa. Mas nesse gosto está todo um mundo, um outro país. E por isso é mister que
os modernos que tomaram de assalto o poder mostrem as suas garras
pré-modernas. Que não as deixem entrar. Que as benzam com naftalina. O que a
Women on Waves veio fazer não foi turismo, nem algumas interrupções voluntárias de gravidez. Foi luta, luta, combate político por uma cidadania. O que elas fazem e se predispôem a fazer é lutar contra o obscurantismo religioso que continua a dobrar a vida de todos nós. E para isso é necessário que seja exposta a verdadeira natureza desta direita que coloca mais uma vez Portugal num lugar cimeiro da vergonha e da hipocrisia social. E nem é preciso descer à
baixela política para estarmos
com estes bravos marinheiros. O que está em jogo - embora arraste na enxurrada uma direita que socialmente, éticamente é restritiva mas que depois permite aos seus eleitos as práticas que condena - vai para lá do espectro político partidário. Por isso, nos dias que se seguirão, e tentarei que seja em todos os dias que se seguirão, a duzentas milhas da costa mas aqui, no respirar, com gratidão, a
Women on Waves.
*duplico o título e a foto que o Luís publicou na
Natureza do Mal.
2 comentários:
Vários têm sido os bloggers a blogar sobre este assunto, talvez eu seja uma hipocrita moral ou religiosa... mas o que penso sobre o assunto está no meu blog.
Acho louvável que as pessoas lutem, pelas suas causas, mas não entendo porque é que os outros, têm que ficar cheios de rótulos em especial na boca, carimbando-os a todos com o mesmo nome, de modo quase...
Boa sorte para os defendem o que acreditam. Eu defendo o contrário de ti!
ainda bem que aqui o respiraste, para poder esclarecer: neste assunto tão complexo, nada é simples. é possível ser a favor de que os casais e as mulheres possam interromper voluntariamente uma gravidez e ao mesmo tempo sentir uma aversão fundamental a esta prática e tudo fazer para que ela não seja necessária, ou que seja cada vez mais diminuta a sua aplicação. por outro lado, ainda mais importante, contra a hiprocrisia moral e religiosa, marchar, marchar; mas, pela diversidade de pensamento, tudo. contra aqueles que defendem que o aborto deve ser proibido, com todo o meu respeito, oponho o que penso sobre o assunto. contra aqueles que entendem que podem colar-se através de principios de natureza filosófico-religiosa os quais não reconhecem como válidos na sua vida pessoal, toda a minha rotularia mais feroz e atiçada. obrigado
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