sexta-feira, abril 01, 2005

Desejo a manhã

Uma praia pequena. Não o seu areal que esse é extenso dentro de nós. A luz da tarde é irreal, mediterrânica. Preferiria a luz da manhã, durante a qual os corpos são insondáveis. Implacáveis, mas mudos uns com os outros. É a tarde que temos, o ar detém-se à porta do nariz carregado de sal e denso da cálida brisa. Sinto o pulso à minha imaginação e ao seu poder. Há-de algum dia ser poderosa a realidade, concisa e perfeita, como a imaginação? Desejo a manhã, quando o dia me presenteia com a tarde, o enquadramento é de um filme de segunda. Contudo ouço as primeiras palavras de cada frase tua e espero o ponto final, apesar de não te conhecer bem, fazes uma expressão facial de orgulho que já espero. Zango-me tantas vezes, por deixar-me levar, em vez de aqui olhar tudo de frente.Como nos filmes deixo molhar as calças até ao joelho e rio contente dos cães e de uma cobra de água que se perdeu na areia seca.

2 comentários:

saturnine disse...

eu não sou capz de preferir as manhãs às tardes. nem o inverso. eu preciso da luz toda. mas tens aí um primeiro parágrafo bestial. muito bonito. :)

Anónimo disse...

desejo a chegada, qualquer chegada