quarta-feira, agosto 31, 2005
Naturalidade
Eu deveria escrever. Ou então viver. Como se isso fosse material antitético. Não é. Escrevo para que a minha vida seja outra. E é nessa mesma vida que me escrevo. Ainda há pouco pensei nisso. Olhei o rio, esse dorso magnífico do Tejo. Pensei em ti, longe, no longe que é pensar-te. E decidi-me. Ou melhor, antes de ter decidido, encontrei-me decidido. Éramos os dois, com a maior naturalidade. Éramos os dois que mergulhávamos o olhar no rio onde somos tanto, tantas vezes. E mais uma vez surpreendi-me por não ter medo.
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