O blogue, o site e o comentário

Por caminhos e vielas blogosféricos vou dar ao blogue O que farei quando tudo arde?, de José Alexandre Ramos, que para além de outros créditos apresenta também o de ter construído o site não oficial do escritor António Lobo Antunes e onde pude ler este comentário delicioso, no livro de visitas do site. O comentário, assinado por Maria Augusta, é uma autêntica pérola pela delicadeza com que expôe a sua amargura pelo facto do escritor, nas suas cartas de guerra, não ter ficado com a melhor das impressões da sua "amada terra", Gago Coutinho, um lugar que "podia ser uma terra pequena, mas tinha muita gente e onde havia quase tudo", ou pela forma como ensaia a reprimenda algo paternal: " sou filha do comerciante Fontes e da Dona Manecas que refere na pag 78 e devo dizer-lhe que eles não ficaram nada satisfeitos com os comentários que faz sobre eles". E lá termina, despedindo-se com um abraço não sem antes ter perguntado ao escritor se tem fotos da sua terra e de lhe confidenciar que gostava de trocar opiniões com ele. Independentemente da opinião que se possa ter sobre Gago Coutinho, o que este tão doce naco de prosa me faz pensar é neste conflito de perspectivas entre a história, os seus protagonistas e o narrador que no-la traz.