segunda-feira, novembro 06, 2006

O amigo de longa data

Ontem fui visitar um amigo aos Olivais. Almoçámos tranquilamente no quintal. O chão estava repleto de folhas, de nozes. Há no restolhar das nozes, um embalo. Nem sempre estão boas as nozes mas aquele cabaz grande de verga impressiona quando ele agarra as duas alças e as sacode. A conversa entre dois amigos de longa data é como um revisitação. Nunca sabemos se falamos quando escutamos se escutamos quando falamos. A ordem dos factores é arbitrária. Há numa amizade duradoura um efeito benéfico para o espírito intranquilo: é sereno o olharmo-nos nos olhos. Por mais insólita que tenha sido a vida que nos coube, por mais dura que possa ser a prova por onde passamos há sempre uma festividade qualquer a assombrar-nos a tristeza incontinente. Somos personagens de Vila-Matas, de Lobo Antunes, de Saramago, mas neste momento em que nos olhamos, somos outra coisa ainda. E essa coisa...

1 comentário:

Anónimo disse...

...é que é linda!