quarta-feira, março 14, 2007

Dualidade

É assim que eu diria esta dualidade: o meu pessimismo está alojado no cortéx cerebral, o meu optimismo irrompe do batimento cardíaco. Quando danço a festa é de todos, cerebelo incluído. Eu antes, quando tinha dezoito, dezanove anos, e ziguezagueava nas festas das caves dos prédios da vila catió, e mesmo depois, no rock, jamaica, no tóquio, e principalmente no benzina, pensava que não, que a dança era um desconvite ao pensamento. Não me drogava nem me embebedava porque essa nunca foi a minha ganza, mas deixava sempre que o alcoól me levasse à fronteira da consciência. Hoje já prescindo desses suplementos de alma. E porque a festa é dual, já não suporto aqueles lugares que me agridem. É o único momento em que dou razão ao Lopes da Silva, professor na Nova. Estar num sitio esconso, com música a agredir-me os tímpanos, a participar naquele ritual de abanar a cabeça e agitar o copo na mão, é filme que passo. Os meus pés ainda dançam, claro, mas já não suporto estar num sítio a ouvir sempre o meu pessimismo rezingas a picar o meu optimismo bailarino. Divirto-me mais, sou mais alegre, quando eles se entendem.

1 comentário:

Mónica (em Campanhã) disse...

ah, também ia ao benzina quando ia de excursão à capital, 93, 94...