domingo, abril 08, 2007

Flores

No outro dia comprei um regador e dois vasos de metal colorido que vi numa das lojas de venda de bagatelas. Era para experimentar no trabalho que uma actriz está a fazer com o poema, "A Morte é uma flor", de Paul Célan. Depois, não sei porquê, no outro dia ao passar no metro do Chiado, deram-me um pacotinho de sementes misteriosas. Digo misteriosas porque não tinham nome e fazia parte do jogo, não saber que plantas eram. Mais tarde comprei sementes ali numa loja do Martim Moniz. E comprei terra numa loja da Graça. Vou ser floricultor, pensei. Num dos vasos coloquei as sementes que comprei, de umas flores muito bonitas de cujo nome já me esqueci. No outro as tais sementes misteriosas. Coloquei-os ao dois lado a lado em cima da máquina de lavar roupa, ao pé da janela. Os dois apanham, durante o dia, para além da luminosidade farta da janela virada para sul, poeira de luz dispersa por aquele pequeno fio de espelhos que veio da Celta. Das plantas misteriosas começou por nascer um pé com folhas verdes, subindo afirmativas. Ao lado, depois, vieram outras duas, muito mais pequenas, duas frágeis folhas encostadas à terra, mas ainda assim visiveis, existentes. De uma vez reguei-as tão abundantemente que a água formou um pequeno dilúvio que alagou tudo e separou as plantas da terra. Agora deixo-as estar. É a luz que as rega e parece que a luminosidade voltou a dar os seus frutos.

1 comentário:

Anónimo disse...

As sementes encerram segredos, cuida bem dessas folhinhas, com desvelo, carinho e palavras doces.
maria joão f.