quarta-feira, junho 13, 2007
Ai meu rico Santo Antoninho
Estávamos em 1971. Eu tinha nove anos. Na Ada-Pera, entre Mafra e o Sobreiro, fizémos a festa. Como sempre. A fogueira. Vieram os primos de Lisboa. Os amigos das redondezas. Os vizinhos da outra metade da vivenda. Pusemos uma mesa grande na garagem, cavaletes em cima de um tampo grande. Eu, o João e o Pedro tinhamos estado toda a tarde a ajudar o meu pai e a minha mãe. No quintal , afastado da zona onde tinhamos cultivado as nossas pequenas hortas (eu e o João erámos os hortelãos da casa, o Pedro nosso magarefe) fizémos duas fogueiras. Uma maior, onde saltávamos todos nós, e uma mais pequena, para a minha mãe. Na verdade não era bem uma fogueira. Era apenas um pequeno conjunto de ramada baixa. A minha mãe estava grávida, a acabar o tempo, já com quarto marcado na Clínica de S. Miguel, em Lisboa, onde nascemos todos, menos o João, que tinha resolvido nascer numa casa ao fim da rua (e que por isso era o único saloio numa casa de alfacinhas). Passámos toda a noite na brincadeira. Tanto eu como os meus irmãos adorávamos os meus primos de Lisboa. De manhã, quando acordei, tinha á cabeceira da cama o António Oliveira, amigo dos meus pais.
- A tua mãe foi para Lisboa!
E durante a tarde nasceu a mana mais desejada por quatro galfázios, incluindo o pai. calhou que muitos anos depois, já tinhamos dobrado o milénio, recebo no Santo António um manjerico com um verso corrido que me encharcou de loucura e euforia. Ía ser pai.
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