domingo, agosto 05, 2007

A mala vazia

Atrasei o mais que pude o fazer das malas. É como se ao fazê-las, me tivesse de refazer a mim também. Projectei mil coisas que não farei. Hoje estive insuportável. Tinha a pele dividida a meio, metade homem, metade bicho de conta. Havia ainda apontamentos dispersos da tua pele também, aquele hábito que tens de escrever-me a aguarela. Foi mau demais. Ele até quis morrer. E ameaçou que não comia mais. Queria a mãe. Tudo porque eu fui parvo, me apeteceu ser parvo e não estive para deixar de ser parvo por uns longos dez minutos. E porque ele precisava disso para desaguar. Telefonou à mãe, a pedir ajuda. Salvei a tarde quando fomos ao Chiado comprar uma máquina de fotografias para crianças. Um dia falaremos disto, as coisas para crianças. Um dia falaremos de tudo isto. Agora tenho que fazer as malas. Faço uma a mais, vazia. Vou enchê-la com pedaços do que me lembrar de ti até voltar. Há poucas coisas que sei, ou espero assim, como regresso.

1 comentário:

Anónimo disse...

É isso! Há sempre uma saída... para os ver a rir! Um dia uma máquina fotografica, outro dia outra coisa ou momento, quaisquer! É isso!

;)