quarta-feira, setembro 12, 2007
Oração a Santa Bárbara
Troveja mais uma vez. Subo as persianas, para correr o medo. Ela corre-as para baixo.
- Não sei porque é que uma pessoa há-de violentar-se, obrigando-se a conviver com os seus medos. Essa mania de que um homem não pode ter medo das trovoadas.
- Mas se tu gostas?
- Posso fechar os olhos e imaginá-las.
- Não é a mesma coisa.
- Nada é a mesma coisa. Esta é a coisa que eu quero, ter-te aqui aninhado dentro de mim, a rangeres os dentes, o sexo.Ao fim da conversa já eu me esqueci de tudo, da minha avó a rezar a santa bárbara aterrorizando-nos, do meu temor adolescente que um raio fizesse explodir a petroquímica, já só penso na Celta a ir ao terraço na última grande grande trovoada que caiu sobre Lisboa, já só penso na estranha beleza que é o raio a cortar o horizonte, sorrio, a belezoterapia, fruição da beleza, afigura-se um remédio eficaz contra a fobia.
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1 comentário:
eu sei que é estranho, mas quando em pequenina te limpam o medo das trovoadas, o fascinio que surge de seguida é esmagor! é assitires ás forças da natureza no seu melhor.
é daqueles fenómenos, em que o planeta fala contigo, mas sem perigos imediatos, ok, eu sei que uma trovoada trás ás cavalitas raios, que podem matar, ensurdeceder,e até elouquecer, mas é muito raro, nada comparado com um trenor de terra ou um tsunami! eu confesso que depois de perder o medo passei a amar. e sim tenho uma m~~ae que fica com medo, uma tia que quase se põe debaixo da cama e uma avó que igualmente reza a essa santa.
mas qd oiço uma, é mais forte do que eu, abro as portadas de para em par e fico a deleitar-me.
e a da semana passada foi maravilhosa! não vi os raios a cairem, mas ouvi a força da natureza, a chuva a cair em força, o cheiro da terra e a vontade de sair para a rua apanhar a chuvada com este calor foi muito forte.
faltou-me a coragem de sair de casa, mas desfrutei dos pingos a correrem-me sobre as mãos, e a ligação foi forte e boa! a mim faz-me bem e fascina-me! é o pulsar da terra, e parece que com ela pulsamos e vivemos também!
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