quarta-feira, setembro 12, 2007
Despe-te, de déspota
Ele deitou-se na cama, recostando-se, esperando-a. Ela trazia-lhe um cheiro que o seu faro de canino pisteiro identificou como sendo de um outro homem. Nem esperou pela contra-análise. Disse-lhe, sério, como convém a um poeta ou a um cabresto:
- Cheiras a sexo de homem.
- És tu, de ontem.
- Ontem fui outro.
- E vais ter ciúmes de ti mesmo?
- Porque não?
Estava a ficar possesso. Começou a palpitar. Tinha de ter cuidado. Já ía no segundo enfarte, começava a suar, depois ouvia mal. Ela disse-lhe, ou melhor, ele ouviu:
- Déspota.
Ele detestava quando ela o atacava para se defender.
- Déspota? Tu é que andas a comer outro gajo e eu é que sou déspota?
Deixou-se afundar na cama. Estava tudo perdido. Ela deitou-se, macia, sorridente, sobre o seu corpo:
- Eu disse, despe-te.
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