quarta-feira, outubro 10, 2007

Rodrigues dos Santos suspenso

Nunca aqui ninguém me ouviu dizer nada sobre a Entidade Reguladora para a Comunicação (ERC). Ela sucede a uma Alta Autoridade para a Comunicação Social que se despenhou no vazio que a alimentava. Tenho também tomado nota de frequentes tomadas de posição da ERC sobre os mais variados assuntos, alguns dos quais até criam a sensação de que ela está proactiva em demasia. Li atentamente todos os responsos que Estrela Serrano escreveu no público sobre Eduardo Cintra Torres. Tenho ainda escutado amigos meus, que reputo como excelentes jornalistas e profundos conhecedores da sua actividade, a torcerem o nariz ao trabalho deste organismo.
Há uma coisa que eu não percebo no entanto: como é que o ERC (Entidade Reguladora da Comunicação) pela voz do seu Presidente, justificando o seu não envolvimento nesta polémica, é capaz de dizer que o problema entre José Rodrigues dos Santos e a Administração da RTP - que decorre de uma denúncia pública de interferência da Administração na actividade da Direcção de Informação ao tempo em que ele era Director - é um conflito para o qual há condições de poder ser derrimido internamente e que por isso a ERC não se irá envolver para já ? Como é possível?
É verdadeiramente escandaloso se podermos tomar estas declarações como verdadeiras. Será que ele não percebe que, independentemente dos contornos internos que puder vir a ter o conflito entre a administração da RTP e Rodrigues dos Santos, ao ter como pano de fundo uma interferência da Administração na actividade da Direcção de Informação, isso já nos diz respeito a nós? E que isso obriga a Entidade Reguladora da Comunicação, a salvaguardar-nos?
Quem quer afinal tramar o serviço público de televisão em Portugal?

6 comentários:

Paula Sofia Luz disse...

Que estranho país o nosso.

blue disse...

quem é que nos quer a todos mansos como carneiros, calados e servis?

caro jpn:

basta ver a forma vergonhosa como a administração da rtp se refere aos seus colaboradores e funcionários no direito de resposta que o jornal público pôs nas suas páginas: "os empregados". o equivalente a dizer: se não se portarem bem, deixarão de o ser.

Telmo Carrapa disse...

Quim. Sou altamente crítico em relação à ERC mas neste caso até concordo com a posição assumida. É, de facto um assunto interno, pelo qual não se devem meter. Aliás, a única coisa a comentar aqui é que, pela primeira vez, fizeram bem. O problema é as outras vezes em que não tomaram posição semelhante...
Em relação ao conflito, há que perceber o outro lado da questão. E concordo plenamente com a posição da administração da RTP. É que o José Rodrigues dos Santos não de aquela entrevista inocentemente. E quem toma medidas, tem que estar preparado para as suas consequências. Posicionar-se para um lugar melhor na nova administração tem os seus riscos. Ele tem mais é que assumi-los.

Anónimo disse...

Não concordo, T. Uma coisa é o problema laboral entre Rodrigues dos Santos e a RTP. Outra coisa é a denúncia por parte do primeiro de uma intromissão na Direcção de Informação. Não sei se houve ou não. Só sei que houve uma denúncia. E ao que parece declarações contraditórias do presidente da RTP. Só por si, independentemnete dos problemas internos que possam existir, era motivo para uma ERC levantar os olhos e tentar esclarecer a situação. C'os diabos! Se não for para questões destas, o que ela há-de fazer? mas o mais grave é ela independentemente de fazer ou não dizer que não faz porque aquilo é um problema interno. JPN

Anónimo disse...

e o teu argumento é interessante, T. A ERC não deve agir porque o R.dos Santos não age inocentemente e assim ela pode vir a dar algum proveito politico a R. dos Santos. Com isso dá também proveito politico à Administração da RTP que não me parece ter sido nada inocente. ou terá? ábraço Quim

Telmo Carrapa disse...

JPN, ou Quim (como gosto mais de te chamar,
Neste caso falta perceber, e eu confesso que nunca percebi bem, qual foi a verdadeira interferência da Administração naquele caso. Pelo que percebi das informações que me chegaram a suposta escolha da direcção de informação não era consensual. Por isso, mais do que uma imposição da administração, foi mais tomar uma decisão, onde ela não existia.
Em relação à ERC analisar a questão, ou não, uma coisa seria essa análise em relação a essa suposta intromissão na direcção de informação, outra será a análise da relação administração RTP/José Rodrigues dos Santos. E, claramente, nesta última, acho que não deveria pronunciar-se.
Claramente a administração não foi inocente neste processo. Mas como a acção que provocou essa reacção também não o foi, não vejo mal na coisa.
É só isso que eu quis dizer. E, para ficar claro, continuo a defender a administração da RTP neste processo "contra" o JRS...
Abraço