segunda-feira, outubro 29, 2007

O tempo, esse eterno

É o tempo que é preciso, pensei, quando a deixei mais os pequenos quase nadas que ainda poderiam entrepôr-se, como materialidade sensitiva, entre nós e aquela memória inexistente.
Não há prazos para um desfalecimento como também não os há para um esquecimento. E nunca é muito ou pouco, é o que é necessário para que a imagem se esvazie. E sobre ela se construa não outra, mas o vazio com que não queríamos lidar quando, de modo quase infantil, pintálgamos o espaço deserto.
Viveremos melhor quando não confundirmos a sua infindável crueza, com crueldade.
Se um dia, em vida das minhas utopias e esperançamentos, voltar a acreditar em deus, será a ele, o Tempo,
que me dedicarei.
É ele que transforma a pele. Não só dotando-a de escamas, fazendo do bípede um homem ou uma mulher peixe, também enrugando-a, envelhecendo-a, fazendo de cada marca uma história.
Viveremos melhor quando aprendermos a não lutar contra ele.

2 comentários:

Cristina Gomes da Silva disse...

As conversas nocturnas com o teu filho, a lua cheia e não sei o que mais, andam a fazer de ti um quase sábio, quase enrugado :). Bonito este tempo.

Alba disse...

Já aqui não vinha há algum tempo e detive-me na leitura, desde o post "O mapa" até este (ainda falta um, eu sei).
É engraçado, de cada vez que volto redescubro a luminosidade da tua escrita. E isso é mágico, claro.
Obrigada :)