segunda-feira, janeiro 07, 2008

A borboleta esvoaça no azul

Sinto-me chegar ao pé de mim. Acendo velas na casa e vou para o quintal, ver o rio, o meu rio de sempre. É noite e o azul do céu tinge o rio. Sou feito de azul e de verde. Terra castanha. Dispenso, humildemente umas vezes, outras com resignío, como um mistério a que não posso aceder, o fogo, a combustão. Estrelas. Lá em cima um papagaio ou uma catatua assobiam-me. Um falar do nordeste brasileiro solta-se da colina descendente. Não sei se é do frio, sinto-me a aproximar-me de mim. Tu chegas-te a meu lado e a tua mão no meu ombro conforta-me, dá-me coragem. Pode parecer estranho e só o digo porque existe um lugar onde o enlouquecer nos salva da loucura: tenho quarenta e cinco anos e sinto-me aproximar-me verdadeiramente de mim. Será esta a minha última crisálida?

1 comentário:

CCF disse...

Descreves muito bem essa revelação que que somos para nós próprios e que nos pode acontecer junto de alguém mas também de um lugar, uma palavra, uma imagem. Mas junto de alguém é mesmo bom:)
~CC~