Há uns tempos participei num atelier com Sanchis Sinisterra (para ser mais exacto, a primeira fase de um atelier que visou a constituição de um grupo que, julgo, irá assinar a escrita de um espectáculo a incluir na programação próxima do Teatro D. Maria II). Para além do prazer que é sempre a relação com um autor como Sinisterra, a experiência trouxe-me o contacto com a sua metodologia de trabalho e de experimentação, que, entre outras propostas, consiste na realização de exercícios de escrita tendo como pontos de partida base algumas condições, quer a nível das situações, quer a nível do desenvolvimento das personagens, quer a nível do tratamento espacio-temporal. Lembro-me que na altura, em meia dúzia de dias, escrevi mais para teatro do que por vezes em meio ano. Resolvi trazer esse exercício para aqui também, beneficiando também da percepção do que é que uma história é ou não é, do que é que cada história diz ou não a cada pessoa que as lê. Os textos que se seguem nesta categoria, Esboços de Lisboa, são exercícios online. De certa forma é uma maneira de me garantir por estas bandas, arranjar forma deste exercitar meio desgovernado e diletante que blogar é, também possa fazer sentir-me um pouco mais útil. Estes personagens, Roberto, Luís, Margarida, Rosa, e tantos outros que por aí andam, são os meus estereotipos, aqueles que dançam na minha cabeça dia e noite sem eu saber. Alguns deles existem há muito tempo (Roberto era o nome do romance Linha Quebrada, iniciado (e não terminado) pelo meu pai em 1950, em que ele falava da sua vida de antigo seminarista), outros nasceram de forma expontânea ao escrever aqui. Vou deixá-los sair sem nenhum afecto especial. Com alguma curiosidade para saber onde me pode levar esta ginástica descritiva e ficcional.
1 comentário:
Ainda bem que nos deixas seguir os passos dessas personagens. Vamos ficar cativos das suas almas, tal como sucedeu relativamente aos seres que animavam o filme "Magnólia".
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