quinta-feira, maio 01, 2008

O dogma (anti) democrático

"Há-de alguém no futuro vir dizer-nos aquilo que alguns de nós já sentem como a sua dor de pensamento: a escravidão do humano é uma realidade não política. Conseguimos bani-la da política mas não acabámos com ela. Só a expulsámos das nossas imagens, das nossas imagens conscientes. "
Ficou-me a ressoar esta ideia. É quase impossível discutirmos as nossas democracias. Ia agora escrever, é esta incapacidade de a discutirmos que destrói as nossas democracias e de repente apercebo-me que estou mais uma vez bem dentro da caverna, da falácia democrática. A discussão não é o absoluto. É terapêutica, compensadora, relaxante, abre mundos e o próprio mundo, mas não é um absoluto. Aliás, o que ela faz, é tornar absoluta a linguagem. A linguagem, esta putéfia com que articulo este engodo que é escrever ( É tão absoluta a trapaça que até a fonética ilude a sua negação. Digo desescrever e ouve-se quase distintamente, descrever). Não devemos por isso discutir as nossas democracias. Devemos suplantá-las. A bem do bem comum, da comunidade. Os comerciantes, os pequenos, médios, grandes e globais comerciantes (os filiados nesse grande partido global dos negócios, como dizia no outro dia o Luís a propósito do PPN, a sua célula lusa) já são donos e senhores das nossas democracias.

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