terça-feira, julho 22, 2008
O amor dito
Dou-me conta que é tão fácil dizer a alguém que a amamos. Não me censuro nesse estapafúrdio. O amor dito é uma contingência dos seres que somos na linguagem. Gostaria de ter podido dizer ainda mais vezes a uma mulher que a amei. Não sei explicar isto de outra forma. O amor dito não me incomoda. Estou cansado da linguagem, não confio nela nem a ela nada do que me é mais verdadeiro, o silêncio, se inventares o silêncio na linguagem falarei de novo e serei até louquaz, mas faço de toda esta miséria linguarejada uma excepção: as vezes em que sussurei o amor nos ouvidos de uma mulher.
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2 comentários:
Mas há tantos modos de o dizer para além das palavras, podemos usar todas as partes do nosso corpo para o fazer. È bom escutar nos olhos e nos dedos e na pele. Tu és do Teatro, tu sabes.
~CC~
Tu desculpa lá, Quim, mas perdi o romantismo todo com os anos, o que é que queres?! Eu já nem imagino como é que será possível um homem dizer ou fazer algo bonito a uma mulher. Se calhar tive azar e só conheci mentirosos, filhos da puta, uns sacanas de primeira. Gostava de acreditar no amor durante 10 minutos, no amor romântico, mas já não sou capaz. Acredito noutro amor, mais universal, no amor entre amigos, no amor desinteressado, mas no resto, no outro, não.
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