O que eu penso sobre o caso da Esmeralda já o escrevi aqui muitas vezes e não vale a pena repeti-lo senão na sua sintese: compreendo o pai biológico de Esmeralda na sua demanda da filha (e espero que no futuro, esta sua teimosia seja fundamental para influenciar positivamente o modo como a filha o irá ver), tenho uma dificuldade de empatizar com os pais afectivos (a que não será alheio o meu preconceito castrense), parece-me que a pequena Esmeralda/Ana Filipa poderá ganhar se souber que é amada e querida pelos pais, sejam afectivos ou biológicos e distancio-me de toda essa tralha moralista com que julgamos o que é que cada um dos protagonistas deveria/poderia ter feito se. Não voltaria ao tema se não houvesse um dado novo: o último despacho da juíza foi directamente influenciado pela sua ida directa ao terreno, para falar com a pequena Esmeralda, ouvindo-a no seu desejo de ser Ana Filipa. Assim dito parece coisa tão pueril, medida do mais elementar bom senso, mas depois de se lerem centenas de páginas processuais percebe-se que é um sinal de um simbolismo terrível - na sua ambiguidade, o tempo que se perdeu, o tempo que acaba de se ganhar - para todos os pequenos mortais que dependem, socialmente, de duas coisas básicas: o acesso à justiça e à saúde.
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