Um dia destes vou tornar-me num velho ácido que pronuncia em cada frase: eu bem dizia. O blogue poderá ser assim o rascunho da minha acidez, o arquivo da minha razão. É, antevejo, será sempre uma razão cómoda: se a tiver faço o linque, se não a tiver esqueço-me dele. Eu já me esqueço de quase tudo. Por um acaso, que o não é, o título deste post é o título da minha última peça de teatro e é também um jogo de cabra-cega com o título do post do André Bonirre. Deixem-me apenas a liberdade de uma pequena carícia metablogue: ele, o Bonirre, é um bloguer raro. Não é muito prolixo. Está temporadas sem chegar ao post it. Só aparece quando precisamos dele. Ou melhor, aparece sempre que precisamos dele. Da sua lucidez, do teatro de espelhos que as suas imagens nos provocam. O que eu queria dizer é que vou ter um grande prazer em, daqui a uns meses, daqui a uns anos, sei lá se serei ainda eu, vir ler este post e deparar-me com isto: há mais vida para lá de Wall Street, da Bolsa de Tóquio ou da de Londres. No mau bocado que o capitalismo financeiro atravessa está também a nossa esperança de um mundo novo. Quando é que nos começam a falar dele e nos deixam de aterrorizar com os tormentos e agonias que temos de passar para o conquistar?
1 comentário:
É uma mensagem de ácida esperança... caldeada no "Eu bem dizia!"
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