sexta-feira, novembro 14, 2008

S.N.S.

Oito horas passadas numa sala de espera das urgências de um hospital público é um sufoco, uma dor de alma. Quando saí de lá a minha cabeça era uma câmara de eco daquele sinal de chamada, das vozes rápidas e secas do despejar de dezenas de nomes, das caras de sofrimento, de desespero, de apatia. Não se pode passar da sala de espera mas ao longo das horas constroem-se cumplicidades, o vigilante é humano e lá deixa passar um familiar à procura da resposta que tarda. Chamam-nos de acompanhantes e por isso não existimos senão ali, naquelas duas salas onde faltam as cadeiras, as cores, os tons, onde falta quase tudo. Talvez por isso as pessoas que por ali andam por vezes inventam gestos de altruísmo, de conforto, que não existem mais. Quando saí de lá fomos enfiar-nos n' A Turma. Nada como um mundo tranquilo, calmo, da relação, para voltarmos à realidade.

Sem comentários: