sexta-feira, janeiro 30, 2009

No outro dia perguntou-me pelo tabaco. Porque é que eu tinha deixado de fumar.
- Deixei de fumar porque me aconteceu uma coisa extraordinária.
- Foi?
- Tu nasceste.
- Isso não é uma coisa extraordinária?!
- Para mim foi.
Contei-lhe que o avô dele tinha morrido com um cancro no pulmão há uns anos atrás e que nem aí eu tinha sido capaz de deixar de fumar.
-Então?- perguntou ele intrigado com a escala de grandezas das coisas. - O pai estava com medo de morrer?
- Não. Lembras-te quando íamos à Biarritz e depois dávamos um passeio de mão dada?
- Íamos comer um queque.
- Era. Lembras-te?
- Sim mas então?
- Achei que era um estúpido se estivesse a fumar e com isso a contribuir para poder passar um pouco menos de tempo ao pé de ti. Eu ainda hoje quando olho para ti penso que gostaria muito de ter o meu pai aqui ao pé de mim.
Não disse nada. Ficou todo orgulhoso e contente. Abraçou-me.

1 comentário:

IPQ disse...

Tão bonito, Quim!
Obrigada