terça-feira, abril 14, 2009

O Leitor (e a vulgata)

Já há tempos que me andava a convencer para irmos ao cinema às 19h. Nunca me dava jeito. Mas ainda bem que consegui. Saí do trabalho a correr, apanhámos engarrafamento no Príncipe Real e quando lá chegámos só havia o Grand Torino para ver. Não nos pareceu mal, já que ambos apreciamos Clint Eastwood enquanto realizador e, nesta fase, enquanto actor. Acho que já escrevi isso aqui, ele a mim causa-me uma emoção redobrada pois este homem com mãos de veias salientes e nós dos dedos bem desenhados faz-me lembrar o meu avó materno. A verdade é que duas horas depois, quando saímos, sabia-nos a pouco. O filme Gran Torino é vulgar, o argumento é disciplicente e preguiçoso, vive demasiado dos seus apprioris. Mas como eram ainda nove horas propus mais uma sessão. O Leitor. Um filme comovente, verdadeiramente notável. No argumento, na música, na fotografia, no cenário, na realização, na interpretação, especialmente a de Hanna Schmit e a de Michael Berg em miúdo. Estava com alguma curiosidade, depois de ter visto alguns comentários e posts aqui na net. Que não compreendo. Lembro-me apenas daquela frase de Michael Berg, quando lhe perguntaram se aquela relação lhe fazia mal e ele respondeu que lhe parecia insignificante o mal que ela lhe podia ter causado quando tinha provocado tanto sofrimento a tanta gente. O Leitor é uma deliciosa história de amor. Um amor assim leva-nos pela vida, nunca nos larga, mesmo quando as circunstâncias de nós já se apartaram. Um amor assim é o nosso respeito ( e não condescendência) pela nossa memória.

1 comentário:

Helena (em stª Apolónia) disse...

Grand Torino: absolutamente de acordo.

Leitor: não vi.