segunda-feira, julho 27, 2009

Mil e uma

Ali no Oito e Coisa, o verão passam-no com desafios. Hoje anda por lá o da monogamia. Conceito que nunca devo ter entendido muito bem. Na minha consciência sempre julguei que o praticava mas, depois, ao olhar-me na expressão alheia, percebi que nunca o vivi de forma muito absolutamente rigorosa: criava cláusulas íntimas que me colocavam fora do conceito.
A razão entre este discenso entre a minha consciência e a minha prática - e aí coincido com o olhar alheio no modo como me vejo - talvez se prenda em primeiro lugar com ter demorado muito tempo a crescer. Já a tarde da minha vida ía alta quando comecei a aprender o que é, para além da expressão mais ou menos eloquente do amor dito, o que é uma mulher, o que é amar uma mulher, o que é consagrar-me a uma mulher. Hoje sou terrivelmente monogâmico. E, paradoxalmente, como ela parece não acreditar totalmente em mim, disfarça-se das mil e uma mulheres que uma só fêmea tem naturalmente ao seu dispor para conseguir ser uma e única mulher.

E eu, rindo-me assim do mundo, das suas cousas, como a monogamia ou a poligamia, sou também, no amor que lhe tenho, mil e um.
[Sir Lawrence Alma-tadema, A Favourite Custom, 1909]

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