quarta-feira, setembro 23, 2009

O amor nem sempre é o que parece. É preciso chorar, é preciso zangar, é preciso gritar, é preciso quase sentir o peito a rebentar para percebermos a enorme injustiça do amor : na sua improbabilidade, ou seja, independentemente de existir ou não, é capaz de nos levar tão depressa ao céu como ao inferno do existir. Como tão bem o cantaram Vinicius, Betânia.
O amante sofre tanto de um falso amor como de um amor verdadeiro, e isso só pode parecer injusto para os que se dão conta de que acabaram por se entreter com um falso amor. E mesmo assim os errantes do amor podem tomar a seu favor a semelhança que há entre um e outro. E contarão sempre com a nossa compreensão. Não há nenhuma praça que se ria, que zombe deles e isso porque em todas as praças das nossas cidades há homens e mulheres apaixonados que sabem o quanto é improvável o verdadeiro amor. O que o distingue não são as palavras ditas ou proferidas, os gestos e suspiros da carne a exaltar-se, mas o bálsamo que é para o espírito, confrontar-se uma alma com a revelação da verdade do seu amor. Epifania que pode surgir das formas mais inusitadas. Há pouco percebi que ela era o meu amor mais verdadeiro quando interrompi o que estava a fazer no computador para colocar aqui um charleston para ela poder ensaiar uma dança para uma festa de um grupo de teatro de uma comunidade inglesa a que está ligada. Entretanto o pequeno filme do you tube chegou ao fim e ela continuou a marcar o charleston trauteando um ritmo. Fiquei embevecido a olhar para ela, para os seus gestos, tão ingénuos, tão delicados, tão compenetrados. Há muito que me entrego ao prazer único de ser um espectador privilegiado da sua expressão de mundo.

7 comentários:

Yours disse...

LY :-)

Cristina Gomes da Silva disse...

Um post de veludo. :)

CCF disse...

Que bonito!
~CC~

CC disse...

nem todos têm a sorte de conhecer o amor, o melhor é não amar, porque ao longo da vida vais tendo um, dois, três, quatro e tantos tantos amores... e pensas sempre enquanto estás a viver esse amor, que esse é aquele amor, mas nunca é, porque passado algum tempo vais partir para outro amor...que engano q é o amor,meu caro.e tu já vais em quantos? quantos amores tiveste sem saberes q era amor...

JPN disse...

CC, os que a gente não sabe que são amor, ou de outra forma, os que a gente sabe que não são amor, até passam sem doer. Os que às vezes doem são os outros, os que se nos aparecem como tal. :)

JPN disse...

CC, mais uma coisa, penso ao contrário do que dizes, já que é tão improvável o amor, o melhor é mesmo amar sempre...

Doramar disse...

Tal como os gostos, os amores não se discutem, nem se justificam.