segunda-feira, dezembro 07, 2009

Ora aqui está um lugar, ao contrário das pistas de carrinhos, que estimula a minha verve blogueira. Tínhamos bilhetes à borla para o maior espectáculo do mundo, no Coliseu. Há borla, é como quem diz. Não há nada de gratuito no circo. Tal como alguns programas de televisão são um pretexto para passarem anúncios, também o circo é cada vez mais um pretexto para os vendedores de queijadas, de pipocas, de algodão doce, de varinhas de luz e até, de fotografias com animais, como a daquele tigre bébé que andava a sofrer ao colo de um dos empregados do circo, que, rodeado de fotógrafos, dava a volta a todo o recinto. A dez euros por picture podia um exemplar humano posar ao lado do bichano, substituindo a ideia de selva por aquela moldura aparentemente mais humana. Lá veio o circo e antes de mais os palhaços. Um par inusitado: uma matrona e um pequenetote, deixaram cair pela arena a maior quantidade de lugares comuns e de grosserias que se possam pensar sobre a relação entre um homem e uma mulher. Louve-se o público, parco no riso, não se deixando entusiasmar pelo ambiente sonoro. Ainda haveria de vir um palhaço a sério, quer dizer, trajado enquanto tal mas a fazer apenas de animador dos intervalos de montagem para os números mais arriscados, os trapezistas, os equilibristas e os acrobatas. Ainda antes do circo acabar viria um número cómico com cães amestrados, que se deveriam chamar cães-palhaços, porque foram os únicos a fazerem-nos soltar um riso 3.5 na escala dos Gatos (que é já de si utilizada para conseguir captar variações de humor de baixa intensidade). Saí de lá no entanto com vontade de mais circo, de andar com eles, de ouvir as suas histórias. Hoje já sei o que seria se voltasse a ter vinte e um anos: palhaço, palhaço pobre, palhaço-mimo.

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