Há um momento em que tu percebes que tens quarenta e sete anos e ainda és um menino. Ela diz-te isso, que a fazes sofrer como se fosses um menino, uma pequena criança. A tua primeira tentação é mandá-la passear, estás farto de mulheres que te tratam como se tu não tivesses crescido. E pensas, ironia desta vida, se fosses um menino mandava-la mesmo dar uma curva. E ias para um bar, dançar, procurar outras mulheres, estalar os dedos. Cresceste, aos quarenta e sete já nos magoamos a sério com as dores que provocamos. E é quando te apercebes disso que te dás conta de que já fizeste isto milhares de vezes. Estalaste os dedos. E que te apercebes que já não o voltarás a fazer. E depois sabes que já não és uma criança, que aprendeste a permanecer, a guardar o desejo, a fome, aqueles olhos que te comovem como desde o primeiro dia.
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