segunda-feira, maio 31, 2010

Allegro

Anda meio mundo a perguntar porque é que Sócrates demorou tanto tempo a apoiar Manuel Alegre - quando se calhar é a coisa mais transparente que ele fez - e ninguém se pergunta outra coisa que é politicamente mais relevante: porque é que ele, não vislumbrando no vate de Coimbra o perfil de Presidente que queria, não tentou criar um perfil presidenciável que tivesse capacidade de corporizar a sua ideia do que deve ser um Presidente? Ou seja, porque é que o seu PS desistiu agora das Presidenciáveis (da mesma forma que se pode dizer que tinha desistido com Mário Soares)? Num contexto de crise financeira internacional Manuel Alegre é cada vez menos confiável até para aquela pequena minoria que revê nele um paradigma cultural que, numa outra situação, gostaría de ver em Belém. E não só para esses. Hoje alguns amigos bloquistas supondo que eu teria finalmente um candidato, telefonaram-me a gozar comigo a perguntar onde é que esteve Alegre no dia 29 de Maio. Não sei se é uma coisa boa ou uma coisa má, os partidos não terem de ter um candidato presidencial em torno do qual se possam galvanizar. Sei é que este entendimento socrático da vida política não está em linha com aquilo que tem sido a prática política do Partido Socialista e está a provocar já alguma discussão. Enquanto isso há também quem, como eu, espere uma (nova) candidatura que possa libertar-nos deste fraco entendimento que os partidos têm do perfil de um Presidente da República.

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