Há uma sensação estranha no ar. Ouvir o Prós e Contras depois de ter estado um bom pedaço da tarde em torno do Portugal Hoje: O Medo de Existir de José Gil, é uma sensação muito esquisita. Como se o livro fosse um oráculo, ía dizer pequeno mas depois lembrei-me da crítica dele a esta ideia do pequeno, do pequenino, do atamancadinho. E ouvir o oráculo depois da profecia se concretizar é terrível. Fica-me sempre a pergunta: o que é que eu estava a fazer enquanto devia estar a ler este livro. É uma sensação estranha no palato, terrível mas não é necessariamente má. Ou então sou eu que tenho esta ideia distorcida de que quando consigo apanhar o fio condutor as coisas não estão assim tão más. Vim até com um fiozinho de esperança atrás de mim, dos meus pensamentos. Uma sombra que me iluminou o caminho até casa. Não me apetece analisar o que se passou ontem com lamentos, queixumes. Não era nada que eu e tantos outros não tivessemos previsto. De certa forma sofri mais até votar do que depois. Depois fiquei com a sensação de alívio. Não doeu nada. O optimismo não depende dos factos. Os factos é que dependem de um olhar optimista. E embora este metáfora do poder, dos rituais de passagem do poder, sejam tão importantes nas nossas sociedades democráticas, a verdade é que elas permitem a confluência de uma multiplicidade de poderes que nunca vão a votos. Ora esse poder de cada um de nós influenciar de uma maneira positiva o mundo onde vive mantem-se inalterável. Não é lirismo. É a realidade. Temos poder, somos poder. E a sociedade é dinâmica. O PSD e o CDS vão ter menos espaço de acção. A situação está longe, para pior, do que estava quando Guterres deixou de ser primeiro-ministro e Barroso e Portas inventaram a metáfora política criminosa O país está de tanga com que tentaram castigar o PS.
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