terça-feira, fevereiro 05, 2013

A cidade
Queria dar à minha amiga uma cidade
Dizia-lhe assim
Esta cidade é tua
Podes percorrê-la por dentro
Do teu sangue muito jovem
Pondo-a à deriva na mesma corrente
Em que te move a tua força
Podes levar o teu amor contigo
É para levares mesmo o teu amor
Porque esta é a tua cidade
Esta cidade é tua
Se depois quiseres passear nela
Encontrarás uma fonte
De onde brotam
Múltiplas formas de sombras
E inclinações suaves
Para ti e o teu amor
Se recostarem e beberem
Na magnificência dos cheiros e dos sons
Que preenchem todos os sítios
Por dentro da cidade
Existe nela
Um teatro onde
O poeta cristalino proclama
Que feliz que sou porque amo e sou amado
Sem mudar nem ser mudado
Alguns choram quando ele diz em inglês
Love is not love
Which alters when it alteration finds,
Or bends with the remover to remove
O, no! it is an ever-fixed mark,
That looks on a tempest and is never shaken;
It is the star of every wandering bark,
Whose worth's unknown, although his height be taken.
E o poeta vai rir convosco
Do segredo que nunca contou
Sobre o seu amor cálido
Indiferente a verões e a invernos
E a outras alterações inversas aos sentidos
Encontrarás copos para brindar
Ao amor do poeta velado pela cortina
Um amor assim simples
A estrela que tenta tapar
Com mãos de adolescente
Um sorriso muito branco
Queria dar à minha amiga uma cidade
Com tapetes de flores
Canalizações infinitas
E combinações de luz solar
E de picos de chuva
Em cada esquina e praça
Sobre cada ponte e cada torre
Se lhe der uma cidade
Ela vai escolher
A música dela
Para pôr à volta da fonte
Na praça, a rasar os tornozelos
Com as almas e os pássaros que quiser
Do coração até às margens 

Cláudia Magalhães

2 comentários:

CCF disse...

Voltaste a escrever...e mesmo com palavras outras, é bem bonito!
~CC~

antonio disse...

http://alma-de-deus.blogspot.pt/