sexta-feira, setembro 03, 2004

B.Leza

B.leza poeta e B.leza lugar. Descobri o primeiro através deste. A forma como encontramos as coisas que estão à nossa frente é surpreendente. Eu nunca tinha tropeçado nos poemas que estão nas paredes do B.leza, um lugar multiplicado. Desdobrado pelos múltiplos em que se transforma conforme os dias da semana, os meses e as próprias estações, eu nem mesmo sabia da existência do poeta até que um dia, numa carrinha com o Mário Alves da Etnia, Vladimiro, um dos seus filhos me trouxe de Tavira a Lisboa. Depois da mais fantástica missa que os meus olhos de ateu emperdernido puderam contemplar, com Titina, rodeada pelo som do batuque, a entoar os salmos e os hossanas. B.leza, poeta e lugar. Ao fazer uma pesquisa no Goggle sou levado a este sitio de onde ficarei assíduo. Muitas vezes se fala da lusofonia, vezes demais se fala da miscegenação cultural e poucas vezes se pensa no contributo que este lugar, entre sombras e imaginários quentes, tem dado para uma partilha da cultura africana, e muito concretamente, da caboverdiana. A peculiaridade do B.leza reside -segundo disse ao Guia do Lazer do Público, Alcides, que com Madalena dirige o projecto - na combinação de dois elementos:"A música ao vivo cria momentos onde aparece a festa. Por outro lado, há um ambiente de mistura cultural entre africanos portugueses e estrangeiros." Uma partilha em festa. Não é por acaso que são as mulheres que mais uma vez vão à frente e acabam muitas delas por estabelecer itinerários afectivos regulares com as ilhas de Cabo Verde. Também eu já aqui e aqui, tinha falado do que este lugar é na minha noite e nem preciso de dizer, basta estes meus olhos cansados, para se perceber o que é que a noite é na minha vida.

2 comentários:

inconformada disse...

Descubro-te por causa de um comentário que deixaste não sei onde no meu blog :-)
(recebi o email de notificação mas não descobri em que artigo comentaste) e "apanho" logo com um artigo ligado ao meu coração: Cabo Verde...
Passeei-me pelos teus textos. Demorei-me em 2 ou 3, e percorri os títulos dos restantes, lendo uma frase ou outra, um àparte, uma reflexão.
Gostei ! :-) Deixa-me "citar-te": "a forma como encontramos as coisas que estão à nossa frente, é surpreendente..." Linko-te já, para não te perder :-)

Anónimo disse...

Eu, B´leziana convicta, me confesso.

Partilho a mesma paixão, o mesmo sabor a rasto de Àfrica, entre a grandiosidade e decadÊncia que vestem aquelas paredes...

Sinto ali, um pedaço da minha casa.
Apaixona.me a familiaridade que envolve todos os assíduos, a integração deliciosa com gente de tantos mundos, de tantas fés, de tantos sonhos.

Deixo.lhe um sorriso.
O meu.